segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Orgasmo feminino

 

O orgasmo feminino refere-se ao prazer sexual intenso alcançado pelas mulheres através da relação sexual, masturbação ou outros meios de forma única ou múltipla. É sentido por intensas contrações rítmicas, principalmente na região vaginal, durando cerca de 0,8 s cada, totalizando de 3 a 12 contrações; com a sensação de prazer aumentando em intensidade a cada momento, até que se atinja o clímax, seguido do relaxamento.[1] Cada mulher sente o orgasmo de forma distinta: algumas só conseguem através de estimulação clitoriana, penetração, preliminares longas/curtas e outras nunca conseguiram atingir o pico de prazer máximo na hora do sexo.[2]Estima-se que 70% das mulheres nunca chegaram a sentir um orgasmo com seus parceiros.[3]
A ocorrência do prazer do orgasmo é proporcionada por uma descarga química de neurotransmissores tais como as catecolaminas (noradrenalina e adrenalina), a indoleamina e a serotonina. A dopamina e a serotonina estimulam a produção de endorfinas que estimulam o prazer.[4][5]
Pode ser sentido no clítoris, na entrada da uretra, no colo do útero e no ânus ou de em todos ou alguns destes pontos ao mesmo tempo. Algumas mulheres podem fingir o orgasmo para agradarem seus parceiros.[6]


Função biológica

 

A função biológica do orgasmo feminino, diferente do que ocorre nos homens, não é consensual entre os cientistas. Foram propostas diversas teorias para tentar explicá-lo.[7]
Desmond Morris em seu livro O macaco nu acredita que o fato dos humanos andarem em posição ereta tenha ocasionado problemas, pois o local que o esperma entra nas mulheres, o óstio do colo do útero, fica localizado numa posição superior. Desta forma, o evento do orgasmo provocaria relaxamento na mulher e esta por sua vez tenderia a ficar deitada, o que facilitaria a fertilização. Todavia, muitas fêmeas de animais de quatro patas também tem orgasmo.[7]
Outra hipótese, seria a fragilidade do ser humano ao nascer. Assim, o orgasmo seria para os humanos uma recompensa para aumentar a proximidade do casal para cuidar do recém nascido. Mas o orgasmo também pode ser problemático e em alguns casos afastar casais que procurariam outros parceiros para satisfazer suas necessidades de prazer.[7]
Cyril A. Fox e sua equipe, em 1970, estudaram a pressão intravaginal e intrauterina quando as mulheres faziam sexo. Descobriu que uma diferença de pressão levaria esperma para dentro do canal cervical, o que ocorria durante orgasmos. Isto, aumentaria as chances de fecundação do óvulo. Esta hipótese chama-se hipótese da sucção.[7]
Alguns cientistas ainda constatam que o orgasmo feminino não teria qualquer função biológica, sendo comparável ao mamilo dos homens (vestígio evolutivo das mamas femininas), onde seria apenas um vestígio evolutivo do orgasmo masculino.[7]
Ainda, existem aqueles que acreditam que seria possível de forma consciente ou não, a mulher fazer a seleção de genes melhores através do orgasmo, uma vez que Baker e Bellis desvendaram que 1 minuto antes do homem ejacular e 45 minutos depois, na ocorrência de orgasmo feminino, aumentam a retenção de esperma. Caso as mulheres escondam o orgasmo, reduziriam a possibilidade de engravidar, pela demora na ejaculação masculina. Orgasmos fingidos podem fazer o homem ejacular mais rápido e acabar o ato sexual, reduzindo também a possibilidade de gravidez. Orgasmos múltiplos facilitariam a possibilidade de gerar um bebê.[7]


Fases do ciclo sexual feminino

 Segundo os estudos de Masters e Johnson (coordenado pelo casal William Masters e Virginia E. Johnson) o orgasmo feminino foi dividido na década de 1960 , em fases: desejo, excitação, orgasmo, orgasmos múltiplos.[8]

 

O Desejo

 O desejo sexual é o que faz as mulheres buscarem o sexo, através da estimulação dos instintos, e assim sua vontade aumenta. O tato e o olfato são os principais motivadores para o aumento do desejo nas mulheres.[8]

 

Excitação

 Com a excitação, o corpo responde aos estímulos iniciados com o desejo sexual. A vagina produz um muco que facilita a lubrificação. O volume de sangue na região vaginal aumenta e existe miotonia, ou seja, ocorrem a contração involuntária de fibras musculares, o aumento de tamanho dos seios e a ereção e hipersensibilidade dos mamilos. Além disso, a excitação provoca hiperemia da face e aumento de frequência cardíaca e respiratória. O ânus, o reto, a bexiga e a uretra podem ter pequenas contrações.[8] O clítoris aumenta de tamanho.

 

Orgasmo

 É o momento máximo de prazer, onde toda tensão proveniente da estimulação anterior é atingida. Além de contrações rítmicas involuntárias da plataforma orgástica, o clítoris pode retrair-se, além de mudanças na coloração do genital[9] e descontrole muscular corporal. Num momento seguinte a mulher pode ser estimulada e alcançar outros orgasmos, diferente do homem que precisa esperar alguns minutos.[8] Em média um orgasmo feminino dura de 90 a 104 s.[10]Nesta fase, algumas mulheres podem expelir um líquido, e este evento chama-se ejaculação feminina.[11]Algumas mulheres quando sentem o orgasmo podem soltar gritos e gemidos altos ou baixos bem como ficarem caladas e após ele tendem a experimentar um sentimento de calmaria e relaxamento.

 

Duração

 O orgasmo feminino, segundo pesquisa, dura em média 23 segundos; o orgasmo masculino em média 6 segundos [12] [13]. Segundo estudos científicos, a mulher dispõe exclusivamente de uma capacidade de sentir orgasmos múltiplos ou ininterruptos; ao contrário, nos homens há o chamado período refratário, fenômeno este não identificado nas mulheres; o período é associado a uma neccessidade de relaxamento para reiniciar novamente a atividade sexual. Na juventude este lapso de tempo pode ser de segundos, em homens mais velhos, de horas a dias [14].

 

Clítoris e o orgasmo através da masturbação

Close de um clítoris
  humano.
 

Disfunções relacionadas ao orgasmo feminino

Anorgasmia

A anorgasmia é uma disfunção do orgasmo feminino caracterizada pela falta total do prazer proporcionado pelo orgasmo, popularmente conhecido como "gozo".[17] Neste casos, pode ocorrer a excitação com todas suas características, mas a mulher não atinge o clímax.[17] Este quadro atinge 30% das brasileiras.[17] É classificada em primária (quando a mulher nunca conseguiu chegar a um orgasmo) e secundária (quando esta passa a não ter mais orgasmos durante os seu atos sexuais).[17]

Vaginismo

É a contração involuntária dos músculos vaginais provocando dificuldades na penetração.[18] É associada a transtornos psicológicos sofridos pelas mulheres em algum momento de suas vidas.[19]

Síndrome de excitação sexual persistente

Nesta síndrome o problema é a falta de controle sobre a excitação e os orgasmos. A mulher passa a ficar excitada mesmo sem estimulação sexual. Alguns casos relatados atingem a marca de 200 orgasmos diários[20]e podem chegar até 800.[4]

Tabus e vida moderna

A dificuldade de atingir o orgasmo é um fato determinado pela história de repressão feminina. A maioria das sociedades configura o sexo como sendo algo pecaminoso, incluindo ai a masturbação, que na opinião de muitos especialistas faz com que a mulher desconheça seu corpo. Na época da Inquisição, mulheres que sentiam prazer eram consideradas bruxas e condenadas à morte.[21]
Fora isto, temos as variações hormonais, menopausa, a tensão pré menstrual, stress da vida moderna, fobias tornam dificultoso a execução do ato sexual seguido de orgasmo.[21] Até mesmo o estresse e preocupação demasiada em como determinar e proporcionar a ocorrência de orgasmo feminino pode ser um fator que dificulta que este aconteça e diversos sexólogos, terapeutas e autores recomendam lembrar que orgasmo não se planeja, acontece[22] e que é mais valioso cuidar do prazer do momento que se preocupar em atingir ou não o orgasmo.
 

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